Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a vitamina D gerou controvérsia. Por um lado, seu papel no sistema imunológico começa a ficar mais claro. Por outro, algumas pessoas passaram a sugerir a suplementação dessa substância para toda a população com base em artigos científicos frágeis. Mas afinal, existe alguma relação entre a vitamina D e a covid-19?
A importância da vitamina D
É indiscutível que a vitamina D desempenha um papel em todo o corpo e cumpre funções importantes. Uma grave deficiência de vitamina D, considerada quando o valor é igual ou inferior a 12 nanogramas por mililitro de sangue, leva a deformações ósseas graves e dolorosas, chamadas de raquitismo em bebês e crianças pequenas e osteomalacia em adultos. É aqui que o consenso científico termina.
Ninguém sabe exatamente de quanta vitamina D as pessoas realmente precisam. A questão de quando passa a haver um quadro de deficiência também é controversa. Por esse motivo, vários valores-limite são frequentemente usados como critério. Fato é, no entanto, que a vitamina D está se tornando cada vez mais popular.
Não apenas a literatura pseudocientífica faz com que haja uma onda de novas publicações sobre a vitamina D, o número de estudos publicados sobre o tema também aumentou enormemente nos últimos anos. A vitamina D é vista atualmente não apenas como responsável por um esqueleto funcional, mas também está associada a doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e vários tipos de câncer.
O nível de vitamina D no sangue depende principalmente da luz solar. Se a radiação UV atingir a pele em quantidade suficiente, o corpo poderá produzir ele mesmo a vitamina. Estima-se que apenas de 10% a 20% da necessidade do organismo sejam cobertos através dos alimentos.
Relação com a covid-19
Uma análise da Universidade de Hohenheim, na Alemanha, estabeleceu uma conexão entre a deficiência de vitamina D, certas doenças pré-existentes e casos mais graves de covid-19.
O texto diz: “Existem inúmeros indícios de que várias doenças não transmissíveis (pressão alta, diabetes, doenças cardiovasculares, síndrome metabólica) estão associadas a baixos níveis plasmáticos de vitamina D. Essas comorbidades, juntamente com a deficiência de vitamina D com que são frequentemente associadas, aumentam o risco de eventos graves de covid-19”.
“Esta afirmação está completamente correta”, diz Martin Fassnacht, chefe de endocrinologia do Hospital Universitário de Würzburg. No entanto, ele ressalva que é uma pura associação, “uma mera observação de que esses eventos ocorrem juntos”.
O endocrinologista vê de forma bastante crítica essa moda de vitamina D. Não porque negue suas funções importantes, mas porque, até agora, estudos em humanos não foram capazes de mostrar que a vitamina D tem os poderes de cura frequentemente propagados, diz Fassnacht.
“Se você olhar mais atentamente, as esperanças de que a administração de vitamina D tenha um efeito curativo não foram confirmadas até agora”, afirma.
Estudos de associação
O endocrinologista ressalta que muitos estudos sobre a vitamina são estudos observacionais ou de associação. “Por definição, esses estudos não podem provar a relação causal, mas apenas apontam para meras correlações”, diz Fassnacht.
O médico tenta ilustrar isso com um exemplo. “Imagine dois grupos de pessoas de 80 anos. Um grupo é alegre, ativo e pratica esportes. Se você compará-los com o outro grupo na casa de repouso, a diferença nos níveis de vitamina D será dramática. Também a expectativa de vida seria extremamente diferente.”
No entanto, segundo o especialista, tentar explicar os diferentes níveis de condicionamento físico apenas com base no status da vitamina D deixa muito a desejar. “O nível de vitamina D no sangue é uma boa referência de quão doente alguém está. Mas nada mais do que isso”, diz Fassnacht.
Portanto, continue pegando seu sol conforme a recomendação do seu médico. Apesar da eficácia contra o novo coronavírus não ser comprovada, a vitamina D possui outros benefícios para sua saúde. O Minuto Saúde e Bem-Estar segue atento as notícias, para sempre te manter informado.
Referência: climatempo.com
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