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A ideia brasileira para monitoramento de áreas de risco

Assistindo a uma coletiva de imprensa do Ministério da Saúde no final de março, foi quando o estudante curitibano Faissal Nemer Hajar, de 21 anos, teve uma ideia para fazer o monitoramento dos casos de Covid-19. Quer saber o resultado dessa ideia? Essa resposta você encontra nesse texto.

O que o levou à ideia?

O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta falava sobre o uso de tecnologias para identificar infecções causadas pelo Covid-19. Foi quando o estudante se lembrou sobre como havia discutido, em um curso, sobre o uso de geolocalização para entender como uma doença infecciosa se espalha.

“Eu percebi que não tinha nenhuma plataforma desse tipo ainda para a Covid-19 e que eu poderia fazer uma”, disse Faissal.

Após 2 meses, a ideia se transformou em um site que permite o acesso a informação sobre o risco de infecção na região onde se mora.

Como funciona a plataforma de monitoramento?

Um algoritmo identifica dados alimentados pelos usurários. Por exemplo: sexo, idade, endereço, se foram ou não vacinados contra gripe, testados para Covid-19 e se tiverem sintomas compatíveis com os da doença causada pelo coronavírus. O e-mail do usuário é a única informação tratada com sigilo pelo sistema.

Esse algoritmo identifica as categorias de risco da pessoa e a sinaliza no mapa da seguinte maneira:

  • Azul: Pessoas que não possuem sintomas de infecção respiratória nem histórico de contato com o vírus.
  • Amarelo: A pessoa tem sintomas, mas não viajou para onde há transmissão comunitária ou não tem certeza se esteve em contato com vírus.
  • Vermelho: Quem testou positivo para Covid-19, tem sintomas, entrou em contato com casos suspeitos ou confirmados, até mesmo viajou para onde há transmissão comunitária.

Dentro do site, o usuário consegue checar no mapa a quantidade de pontos azuis, amarelos e vermelhos existentes na região. Mas o estudante faz ponderações: “Queremos conscientizar as pessoas sobre a presença do coronavírus onde elas moram. Mas a gente ressalta que, mesmo onde só há pontos azuis, não significa que o vírus não esteja presente, porque até 30% das infecções podem ser assintomáticas”, diz Faissal.

Dados disponibilizados para pesquisa

Faissal Nemer

Todas essas informações estão sendo reunidas em uma base de dados que depois será disponibilizada publicamente e poderá ser usada para realizar estudos sobre a pandemia. Até o momento, a plataforma conta com cerca de 170 mil pessoas contribuindo com informações.

“Queremos ajudar a entender o que aconteceu agora e, caso seja possível, em outras pandemias no futuro”, afirma Faissal.

A pesquisadora Caroline Franco ressalta que, para haver contribuição, a pessoa necessita de aparatos tecnológicos como um computador ou smartphone. Além disso também é necessário conexão com a internet. A dificuldade de acesso a essas tecnologias faz com que a participação se concentre em bairros mais ricos, podendo gerar um viés socioeconômico.

Buscando apoiadores para o monitoramento

Valderílio Feijó, professor da UFPR e líder da equipe clínica do Juntos Contra o Covid, diz que os participantes do projeto estão cientes dessas limitações, mas estudam alternativas para aprimorar o site, inclusive complementando com dados oficiais.

“Mesmo assim, isso não impede a plataforma de cumprir seu objetivo, porque, se você vê que tem um caso no seu bairro, você sabe que o vírus está circulando por ali, e as medidas de proteção devem ser tomadas independentemente do número de casos”, afirma Feijó.

Mas o projeto tem um outro obstáculo que precisa ser superado antes: seu financiamento. O site faz parte de um projeto de iniciação científica na Universidade Federal do Paraná (UFPR), que envolve 22 profissionais voluntários.

Portanto, vamos seguir acompanhando a evolução dessa ideia brilhante e solidária e veremos de que outras formas ela pode nos ajudar.

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